Estudo revela que mineração no Brasil não traz os benefícios econômicos esperados.

Viena, 28 de julho (EFE) - Um estudo internacional apresentado segunda-feira em Viena afirma que a mineração no Brasil não serve — como afirmam líderes políticos e econômicos — para promover o desenvolvimento econômico do país, mas causa danos ambientais e, no caso da mineração informal, alimenta o desmatamento.
Sob a coordenação do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), especialistas da Universidade de Economia de Viena (WU) e da Universidade de São Paulo analisaram os efeitos econômicos e ambientais de longo prazo da mineração em 5.000 municípios do país sul-americano.
A mineração ilegal disparou na Amazônia brasileira no último ano de Jair Bolsonaro.
As descobertas do estudo acabaram de ser publicadas na revista científica internacional Nature Communications.
"Nossos resultados mostram que, em muitos casos, o impulso econômico (da mineração) dura pouco e é acompanhado por danos ambientais duradouros", disse o principal autor do estudo, Sebastian Luckeneder, em um comunicado divulgado hoje em Viena.
A pesquisa distingue entre a mineração industrial, operada por empresas e com autorizações legais, que não está vinculada à perda de floresta, e a mineração "garimpo" (informal), que muitas vezes é ilegal e intimamente ligada ao desmatamento.
Não há benefícios económicos a longo prazoPesquisadores austríacos e brasileiros concluem que em ambos os casos não há benefícios econômicos de longo prazo para as regiões onde a mineração ocorre.
"Embora a mineração industrial às vezes traga crescimento econômico de curto prazo, esses benefícios geralmente desaparecem em poucos anos", disse a coautora Juliana Siqueira-Gay, da Universidade de São Paulo, no comunicado.
“Em algumas regiões, já vemos até sinais de declínio econômico, tanto nas áreas de mineração quanto nos municípios vizinhos”, acrescenta o engenheiro ambiental.
Os pesquisadores acrescentam que os benefícios potenciais da mineração industrial dependem dos preços globais das commodities, e é por isso que eles consideram "a dependência excessiva da mineração como estratégia de desenvolvimento uma séria preocupação".
Impor regulamentações mais rigorosasOs cientistas estão, portanto, pedindo aos formuladores de políticas que imponham regulamentações mais rigorosas à mineração, especialmente em ecossistemas vulneráveis como a Amazônia.
"A mineração continuará sendo necessária para o fornecimento de matérias-primas, mas precisamos parar de tratá-la como uma solução mágica para o desenvolvimento econômico", conclui o especialista e coautor do IIASA, Michael Kuhn.
O IIASA, fundado durante a Guerra Fria para o intercâmbio científico entre o Oriente e o Ocidente, é considerado um dos mais prestigiados think tanks abrangentes e interdisciplinares do mundo. EFE
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