WWF pede acordo forte contra plásticos uma semana antes do início das negociações

Antônio Broto
Genebra, 28 de julho (EFE) - Uma semana antes do início do que pode ser a rodada final de negociações para um tratado global de restrição de plásticos em Genebra, a organização ambientalista WWF pediu à comunidade internacional que não ceda à pressão de uma minoria de países — principalmente produtores de petróleo — que continuam se opondo ao acordo.
"Um tratado global forte e vinculativo deve ser firmado para acabar com a poluição por plástico, mas há o risco de assinar um acordo fraco que só perpetuará os danos às gerações futuras", alertou a ONG em um comunicado.
Aumenta a pressão internacional para concluir um tratado para reduzir os plásticos
Países como Arábia Saudita, Rússia, Irã e outros grandes produtores de petróleo bruto, matéria-prima essencial para a fabricação de todos os tipos de plásticos, expressaram sua oposição a um tratado restritivo e vinculativo e exigiram que qualquer acordo resultante de Genebra seja aprovado por consenso por todas as delegações negociadoras.
Em resposta, o WWF propõe que o eventual tratado não seja adotado por consenso, mas simplesmente por maioria de votos, e ressalta que outros instrumentos legais importantes com valor global, como a Declaração dos Direitos Humanos, seguiram esse caminho no passado.
"Os países produtores de petróleo têm usado a ideia de consenso não para chegar a acordos, mas para sabotá-los. Isso não é multilateralismo, mas obstrucionismo", disse Zaynab Sadan, especialista em negociações do WWF, em comunicado.
Cada dia custaO WWF alerta que a cada dia de atraso no tratado, que está em discussão desde 2022, "30.000 toneladas de plástico são despejadas nos oceanos", portanto, a incapacidade de chegar a um acordo em Genebra "tornará a crise mais custosa e perigosa".
A organização apoia seu apelo com um relatório preparado em conjunto com a Universidade de Birmingham, que resume mais de 200 estudos mostrando que microplásticos na cadeia alimentar podem causar disfunção endócrina e cânceres relacionados a hormônios, como câncer de mama e testicular, bem como problemas reprodutivos e de fertilidade.

Embora as pesquisas sobre os potenciais danos dos resíduos plásticos ainda estejam incompletas em muitos casos, o WWF sustenta que é urgente adotar limites preventivos na produção desses materiais, da mesma forma que, na década de 1980, foi aprovada uma redução de gases que danificam a camada de ozônio antes mesmo de haver total certeza científica sobre sua nocividade.
"O Protocolo de Montreal de 1987 e outros acordos demonstraram que os países eram capazes de tomar medidas decisivas contra substâncias que danificam a camada de ozônio, prevenindo milhões de casos de câncer de pele", lembrou Stefan Krause, professor de ciências ambientais na Universidade de Birmingham.
A decisão histórica de Haia inspira otimismoO WWF ressalta que a produção de plástico pode estar associada a entre 21 e 31 por cento do total de emissões ligadas ao aquecimento global, e que na semana passada o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) em Haia decidiu que os países devem reduzir o uso de combustíveis fósseis ou então violar o direito humano a um meio ambiente saudável.
A nova rodada de negociações sobre plásticos, de 5 a 14 de agosto, reunirá delegações de 170 países e será a sexta desde que começou há três anos.
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A quinta, realizada em Busan, Coreia do Sul, no final de 2024, estava originalmente programada para ser a última, mas foi concluída sem um acordo firme devido à oposição de países como os mencionados acima.
Grandes economias emergentes, como China e Índia, também demonstraram relutância em aceitar acordos restritivos, que são defendidos por um grande bloco liderado pela União Europeia, ao qual se juntam inúmeras nações em desenvolvimento.
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