"Acho que vai ser catastrófico": agricultores de Dordonha ainda em má situação

Este ano, mais uma vez, o setor agrícola de grande porte enfrenta dificuldades no departamento. A seca e os preços, muito baixos para os agricultores, são os culpados.

"Adiantamos duas semanas e os resultados são bem medianos", diz Samy Beau, agricultor da empresa de exploração agrícola Chancontier (SCEA) em Vanxains (Dordonha). A colheita de trigo deste ano ocorreu de 25 de junho a 14 de julho. "A produção é muito heterogênea. Algumas partes são boas, enquanto outras apresentam rendimentos 40% menores."

Ao contrário do clima excessivamente úmido de 2024 , foi a seca que, nos últimos meses, colocou os agricultores em dificuldades. "As colheitas foram boas, mas perdemos peso específico [Nota do editor: medição volumétrica da massa de grãos] e qualidade", explica Rémi Dumaure, presidente da Câmara de Agricultura, chefiada pela Coordenação Rural.

"Tivemos um inverno muito chuvoso, nossas reservas de água estavam cheias", analisa Éric Frétillère, presidente da Irrigants de France. "Mas em maio, uma seca levou a quedas significativas. Agora, estamos em um ano normal, mas duas semanas adiantado."

Resultado: a silagem de milho já começou. "Isso significa que a fase está muito avançada", diz Rémi Dumaure. "É milho sem irrigação, acho que vai ser catastrófico. Para a colheita de outubro, não teremos grãos."

"Hoje, o clima está impactando principalmente o cultivo de milho", concorda Samy Beau. Este ano, o agricultor, que irriga metade de suas terras, colherá essa safra em setembro, em vez do habitual outubro. "Estimo a produtividade em 50 quintais para terras não irrigadas e 120 para terras irrigadas."

“Antes vendíamos uma tonelada de trigo por 330 euros, agora está a 170.”

As tempestades das últimas semanas também tiveram consequências. "Para quem foi atingido pelo granizo, tudo foi destruído. O milho danificado pelo granizo acabou. Depois disso, é muito complicado", diz Rémi Dumaure.

Outro problema para os agricultores: os preços, considerados muito baixos. "A produção de trigo era muito boa. O que vai nos causar problemas é o preço", explica o presidente da Câmara de Agricultura. "Antes, vendíamos uma tonelada de trigo por 330 euros, agora está a 170 euros."

Diante dessa situação, Samy Beau decidiu esperar um aumento de preço para vender sua produção. "Mas isso criará um rombo no fluxo de caixa", lamenta, antes de acrescentar: "É um momento complicado para os produtores de grãos". Enquanto a cooperativa compra seu milho de 2025 a 163 euros a tonelada, o agricultor quer vendê-lo a 200 euros, "para garantir a lucratividade". "Caso contrário, aceitamos perder dinheiro com nossa produção", conclui.