“Mais adaptado às necessidades”: contra incêndios, uma frota aérea envelhecida e que demora a renovar-se

Durante o incêndio perto de Narbonne, quatro Canadairs foram mobilizados apenas na segunda-feira, quando o incêndio eclodiu, cobrindo 2.100 hectares. Segundo o Coronel Christophe Magny, comandante do SDIS de Aude, a ausência deles nos dias seguintes foi explicada, em particular, pela "doutrina nacional": "a prioridade é dada ao incêndio incipiente", a fim de garantir "em tempo hábil" a disponibilidade da frota aérea, já que "grande parte do território nacional está exposta ao risco de incêndio", explica o bombeiro.
"A frota não é mais adequada às necessidades, que estão aumentando drasticamente devido ao aquecimento global", o que aumenta o risco de grandes incêndios florestais como os recentemente ocorridos no sul da França, de acordo com um relatório parlamentar publicado no início de julho.
Aviões ficando sem energia?As doze aeronaves Canadair do Serviço de Segurança Civil têm uma idade média de 30 anos, observam os parlamentares autores do relatório, Damien Maudet (LFI) e Sophie Pantel (PS). Poucas peças de reposição estão disponíveis "globalmente" e "nenhuma aeronave foi construída desde 2015" pela empresa canadense que projetou este bombardeiro anfíbio de água no final da década de 1960, acrescentam os parlamentares.
Devido à sua idade, essas aeronaves, que são reabastecidas principalmente com água do mar, "estão se tornando cada vez mais caras de manter" e estão ficando paradas "por mais tempo", explica Mickaël Biberon, presidente do Corpo de Bombeiros da Unsa. Ele pede "um verdadeiro esforço financeiro" na próxima lei orçamentária para encomendar aeronaves que garantam a "proteção de nossas florestas, de nossa população" e que os bombeiros possam "intervir com calma e segurança".
"As incertezas pesam sobre a capacidade de reiniciar a produção de novas aeronaves e o cumprimento do seu cronograma de entrega" pela empresa canadense De Havilland, a única a fabricar o Canadair, observam os parlamentares Damien Maudet e Sophie Pantel.
Outras aeronaves a serem renovadas: Beechcraft, aviões que realizam missões de reconhecimento e cuja idade média de 45 anos "torna necessária" sua "rápida substituição", que deve ser "antecipada agora", e duas aeronaves Dash, das oito da frota, cada uma com cerca de vinte anos. Embora esses bombardeiros de água sejam "particularmente adequados" para atacar incêndios incipientes, eles devem ser recarregados em solo, limitando "seu uso tático em certos incêndios", observa o relatório.
"Encomendamos dois novos Canadairs há dois anos e espero que possamos encomendar mais dois", anunciou o Ministro do Interior, Bruno Retailleau, na terça-feira, durante visita a Marselha. A entrega dos dois aviões está prevista para 2028, explicou Grégory Allione, deputado europeu (Renew) e ex-presidente da Federação Nacional dos Bombeiros, que se mostra cético quanto ao cumprimento do prazo.
O Canadá poderia priorizar suas demandas nacionais e regionais em favor dos Estados Unidos, já que o continente norte-americano é regularmente afetado por incêndios de grandes proporções, explica Grégory Allione. Ele defende uma "Europa da Segurança Civil". Em seu relatório, os parlamentares Damien Maudet e Sophie Pantel também recomendam a criação de uma indústria europeia para a construção de bombardeiros de água.
SudOuest