Energia: Batalha na Assembleia sobre o renascimento da energia nuclear, com a extrema direita em posição forte

O governo deve publicá-lo até o final do verão, lembrou o ministro da Indústria e Energia, Marc Ferracci, ao jornal "La Tribune" no domingo. "Provavelmente passará por ajustes, mas não esperaremos o fim do vaivém parlamentar", alertou, reiterando a necessidade deste decreto para determinados setores a fim de "lançar investimentos". "Não questionaremos a meta de descarbonização, nem o princípio de uma matriz elétrica equilibrada, baseada em energias renováveis e energia nuclear."
No entanto, se este texto está sendo analisado na Assembleia, é principalmente porque Marine Le Pen e seus deputados levantaram a ameaça de censura no final de abril e obtiveram do primeiro-ministro François Bayrou sua inclusão na pauta da Câmara dos Deputados. Após uma análise caótica em comissão, durante a qual o artigo que estabelecia os objetivos do setor nuclear foi suprimido, o relator, o deputado macronista e ex-ministro Antoine Armand, apresentou emendas para reintroduzir no texto uma retomada massiva da energia nuclear, o que parece ser do agrado da União Nacional.
O projeto de lei prevê, notavelmente, nova capacidade nuclear, equivalente ao início da construção de 14 novas EPRs até 2030, o mais tardar. Esta é uma posição mais definitiva do que a do governo. "As emendas apresentadas pelo relator sobre metas nucleares e a remoção de metas para fontes de energia intermitentes são um passo na direção certa para nós", disse o deputado do RN, Maxime Amblard. "Sempre há pontos a serem melhorados e, na sessão, lutaremos para chegar o mais perto possível do que consideramos bom para o país." Seu grupo havia defendido em comissão a construção de mais de quarenta EPRs.
Por outro lado, a busca por um acordo entre o relator e os socialistas parece ter estagnado. O grupo de Boris Vallaud, por sua vez, defende uma retomada "razoável" da energia nuclear, dado o atraso no desenvolvimento das energias renováveis, comprometendo-se a construir oito novos reatores nucleares até 2035. Propõe aguardar cinco anos e receber feedback sobre a construção de novos reatores antes de se comprometer com capacidade adicional. "Apresentamos nossas posições ao relator na tentativa de construir uma maioria, mas não recebemos nenhum feedback dele", lamentou o deputado do Partido Socialista Karim Benbrahim.
Os socialistas, assim como o resto da esquerda, também lamentam o fato de o texto não estabelecer mais uma meta de participação de energia renovável na produção de eletricidade na França, referindo-se agora apenas à energia "descarbonizada".
Descarbonização sem energia renovável?Essa mudança semântica, acreditam eles, abre caminho para a eventual possibilidade de produção de eletricidade sem energia renovável. "Uma linha vermelha", alerta Benbrahim. Assim, em termos de objetivos, o texto atual prevê agora o aumento da participação de energia descarbonizada para pelo menos 58% do consumo de energia na França até 2030, enquanto o país deve estar no caminho da neutralidade de carbono até 2050.
Atualmente, 60% do consumo de energia na França ainda depende de combustíveis fósseis, a maioria dos quais são importados, de acordo com o último relatório anual da operadora de transmissão de eletricidade, RTE.
SudOuest