Lei de Duplomb: Saúde pública se torna variável de ajuste para agroindústria

A lei que visa "suspender as restrições à prática agrícola", que acaba de ser aprovada no Parlamento, ilustra como a saúde pública e a proteção ambiental estão sendo relegadas à condição de variáveis de ajuste do agronegócio. Demonstra que uma parcela da classe política — neste caso, a aliança entre a extrema direita, a direita e a vasta maioria dos parlamentares centristas — está subordinando o interesse geral aos imperativos do mercado.
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De quais restrições os agricultores precisavam se livrar? Uma delas era a proibição de um pesticida neonicotinoide, o acetamipride, proibido na França desde 2018. Essa substância, que pode atravessar a barreira placentária, é fortemente suspeita de ter efeitos tóxicos no desenvolvimento neurológico do feto e das crianças, bem como na fertilidade. Ela dizima insetos polinizadores, é prejudicial às aves e à vida aquática e contamina cursos d'água devido à sua persistência – sendo encontrada até mesmo na água da chuva.
O retorno deste pesticida deverá permitir aos agricultores combater as pragas da beterraba e da avelã, contra as quais, de outra forma, seriam impotentes. Esta isenção visa também compensar a concorrência desleal, uma vez que o acetamipride está autorizado até 2033 noutros países europeus. No entanto, os factos contradizem esta justificação. Para a beterraba açucareira, a França mantém os maiores rendimentos do mundo (81 toneladas/hectare) e o seu
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