Microplásticos: nem as garrafas de vidro estão imunes
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Microplásticos estão por toda parte, inclusive nos recipientes que supostamente os limitam. Esta é a conclusão de um estudo divulgado pela ANSES com a região de Hauts-de-France na sexta-feira, 20 de junho. De acordo com este trabalho, publicado anteriormente no Journal of Food Composition and Analysis, e com foco na busca por microplásticos em bebidas vendidas na França, independentemente do recipiente, encontramos, portanto, mais microplásticos em cerveja, refrigerante, chá gelado e outras bebidas vendidas em garrafas de vidro do que em garrafas de plástico.
O trabalho detectou a presença, em média, de cerca de cem partículas microplásticas por litro, níveis de contaminação de cinco a cinquenta vezes superiores aos encontrados em garrafas ou latas de plástico. "Esperávamos o resultado oposto", disse à AFP a doutoranda Iseline Chaïb, que conduziu o trabalho no laboratório de segurança alimentar da ANSES em Boulogne-sur-Mer (Pas-de-Calais).
Essa profusão tem uma origem: as tampas de garrafas. "Percebemos então que, no vidro, as partículas que emergiam das amostras tinham o mesmo formato, a mesma cor e a mesma composição polimérica, portanto, o mesmo plástico, que a tinta externa das tampas que fecham essas garrafas de vidro", continua a pesquisadora.
Um fator agravante para a dispersão de microplásticos: a tinta das tampas "apresenta pequenos arranhões, invisíveis a olho nu, provavelmente devido ao atrito entre as cápsulas quando são armazenadas antes do uso", observou a equipe de pesquisadores, que acredita que isso "poderia liberar partículas na superfície das cápsulas".
Em detalhes, garrafas de água contêm uma "quantidade relativamente baixa de microplásticos, independentemente do recipiente, com uma média de 4,5 partículas por litro em garrafas de vidro e 1,6 partículas em garrafas plásticas ou caixas de papelão", explica a ANSES. Garrafas de vinho não são mais imunes a partículas, mesmo quando fechadas com tampa, observa o estudo.
As garrafas de cola mais afetadas analisadas continham cerca de trinta partículas, as de limonada cerca de quarenta e as de cerveja, por fim, continham cerca de 80. Na ausência de dados toxicológicos de referência, a ANSES não conseguiu afirmar se as quantidades de microplásticos encontradas apresentavam ou não risco à saúde.
No entanto, a ANSES não se contenta em apenas relatar a surpresa desagradável. A agência conseguiu testar em laboratório uma alternativa que os fabricantes poderiam facilmente adotar: um método de limpeza caseiro baseado em sopro de ar, enxágue com água filtrada e álcool, que reduziu a quantidade de microplásticos em 60%.
Para limitar os microplásticos e sua dispersão, a ANSES também recomenda revisar a composição das tintas usadas nas cápsulas e alterar suas condições de armazenamento "antes do uso para evitar atrito".
Libération