Milípedes estão ameaçados de extinção na França: eis por que são más notícias

Além de borboletas, abelhas e libélulas, espécies menos visíveis (e menos fofas) também estão em perigo de extinção. Na terça-feira, 17 de junho, a União Internacional para a Conservação da Natureza publicou uma nova versão de sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas na França.
"A avaliação é preocupante: uma em cada cinco espécies de milípedes conhecidas como 'chilopoda' e uma em cada três espécies de insetos da ordem 'pérolas' estão ameaçadas na França", explica a UICN em um comunicado à imprensa, após examinar as "espécies pouco conhecidas da fauna francesa".
As primeiras vivem principalmente em áreas florestais, cavernas ou praias. Invisíveis, nidificam sob pedras ou madeira morta. Já as pérolas, embora vivam em terra, encontram segurança nos cursos d'água, já que suas larvas se desenvolvem em rios ou nascentes.
Embora essas pequenas criaturas sejam desconhecidas para nós, elas continuam importantes. "Essas espécies fornecem informações sobre a qualidade de seus ambientes. São indicadores extremamente sensíveis da qualidade de seu habitat natural. A menor perturbação, como mudanças de umidade, acidez, temperatura ou poluição, pode levar ao seu declínio e, em seguida, ao seu desaparecimento", explicou Florian Kirchner, chefe de espécies do comitê francês da organização, à BFMTV.com.

Mas por que essas criaturas estão em declínio? Por um lado, a atividade humana está destruindo seus habitats. A superexploração das florestas, a "limpeza mecânica das praias" e a intervenção humana no sistema hídrico explicam, em parte, essas dificuldades.
O outro fator determinante: os efeitos profundamente nocivos das mudanças climáticas. "Essas são espécies que testemunham as mudanças climáticas; elas estão sofrendo o impacto de seus efeitos", explica Florian Kirchner. As temperaturas cada vez mais altas durante o verão, o aquecimento gradual das águas e o aumento das temperaturas em áreas montanhosas estão colocando pressão sobre a sobrevivência desses artrópodes.

O desaparecimento dessas espécies, agora ameaçadas de extinção, pode levar a um problemático efeito borboleta. Nesses ecossistemas, cada criatura tem seu papel em um sistema cuidadosamente planejado, onde o menor descuido pode ser perigoso.
"É preciso ampliar a perspectiva porque, quando focamos em grupos específicos, as consequências em cascata são sempre mais amplas. Essas espécies fazem parte de um ecossistema e estão ligadas a muitas outras espécies", explica o especialista.
As milípedes, por exemplo, servem para "regular pequenos invertebrados que vivem no solo" e desempenham um papel na sua regeneração. Reduzir o número de indivíduos, ou pior, o seu desaparecimento, teria consequências graves e difíceis de compreender.
A lista vermelha deve, portanto, servir como um "sinal de alerta" com o objetivo de identificar as situações mais urgentes "e desencadear ações para preservar as espécies". Proteger ambientes, limitar os efeitos das mudanças climáticas... algo que os insetos não conseguirão fazer sozinhos.
BFM TV