Especialistas discutirão medidas urgentes para proteger o krill na Antártida, depois que a pesca atingiu um limite histórico.

Foto de arquivo mostrando uma foca perto de uma base militar britânica em Port Lockroy, Antártida. Arquivo EFE/Diana Marcela Tinjacá
Madri, 11 de outubro (EFEverde).- A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida (CCAMLR) discutirá medidas urgentes para proteger o krill, a base do ecossistema do Oceano Antártico, em sua próxima reunião anual no final deste mês.
A reunião anual, que acontecerá de 20 a 31 de outubro em Hobart, reunirá delegados de 27 países, incluindo especialistas da Coalizão Antártica e do Oceano Antártico (ASOC), que pedirão ações decisivas para adotar áreas marinhas protegidas (AMPs) e limitar a pesca intensiva.
Em julho, a pesca de krill antártico atingiu seu limite de captura pela primeira vez. O fechamento precoce da pesca revelou a pressão sobre esse pequeno crustáceo, essencial à vida marinha.
O krill é um alimento essencial para baleias, pinguins e focas, além de capturar carbono, ajudando a conter as mudanças climáticas. A superexploração, portanto, afeta a estabilidade climática global.
A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida não renovou uma medida fundamental que distribuía o esforço de pesca em 2024. Essa brecha regulatória permitiu que as capturas se concentrassem em áreas sensíveis, afetando áreas cruciais de alimentação, observou a ASOC em um comunicado.
"Sem salvaguardas, a pesca de krill ameaça a saúde dos oceanos e a resiliência climática", alertou Claire Christian, diretora da ASOC. A organização pede à CCAMLR que adote imediatamente as Áreas Marinhas Protegidas pendentes, como a da Península Antártica.
Krill, uma espécie-chave para a vida marinha e para o combate às alterações climáticas
As áreas propostas incluem o Domínio 1 (Península Antártica), o Mar de Weddell e a Antártida Oriental. Sua aprovação criaria uma das maiores redes de proteção marinha do planeta e apoiaria a meta 30x30 do Quadro Global para a Biodiversidade.
Os países-membros precisam chegar a um consenso. Se alcançado, ele enviará uma mensagem de liderança na governança oceânica antes da entrada em vigor do Tratado de Alto Mar em 2026.
O desafio do krillA captura recorde de krill em 2025 reflete a crescente demanda global por ômega-3 e ração para aquicultura. As frotas pesqueiras estão se concentrando cada vez mais em áreas onde pinguins e baleias se alimentam.
“Proteger o krill significa proteger todo o ecossistema antártico”, explicou Holly Parker Curry, líder da campanha da ASOC para a AMP. A organização pede o restabelecimento da medida de partilha de capturas e a prevenção da sobrepesca em áreas críticas.
O Oceano Antártico desempenha um papel vital na regulação do clima da Terra. Ele absorve calor e carbono e mantém o equilíbrio ecológico global. Sua degradação teria efeitos muito além do Continente Branco.
Governança e ação globalVarejistas e supermercados estão saqueando a Antártida com vendas de krill.
O fracasso das negociações de 2024 gerou desconfiança na capacidade da CCAMLR de cumprir seu mandato. Este ano, as partes têm a oportunidade de reverter essa percepção e demonstrar um compromisso real com a conservação.
“A CCAMLR pode marcar um ponto de virada se aprovar as AMPs e restaurar o manejo sustentável do krill”, disse Nicholas Kirkham, da Pew Bertarelli Ocean Legacy.
A reunião de Hobart ocorre em um contexto de transição global. Com a iminente entrada em vigor do Tratado de Alto Mar em 17 de janeiro, os olhos da comunidade internacional estarão voltados para as decisões adotadas pelos 27 membros da comissão.
Rumo à proteção eficaz do Oceano AntárticoA Coalizão Antártica e do Oceano Antártico (ASOC) insta os países a agirem de forma coordenada. "A proteção do Oceano Antártico não pode esperar mais", disse Christian. "O que acontecer em Hobart impactará a saúde do planeta", concluiu.
EFEverde
Para saber mais: https://www.asoc.org/news/calls-for-urgent-protections/efeverde