Primeira nova mina de carvão do Wyoming em décadas para extrair terras raras

Cheyenne: A desenvolvedora do que seria a primeira nova mina de carvão no Wyoming em décadas está lançando um esforço potencialmente de meio bilhão de dólares para extrair metais de terras raras do combustível fóssil, que são cruciais para produtos de tecnologia e equipamentos militares.

O secretário de Energia, Chris Wright, o governador de Wyoming, Mark Gordon, e a delegação do Congresso de Wyoming participaram de uma cerimônia de inauguração na sexta-feira da Mina Brook da Ramaco Resources, Inc., nos arredores de Ranchester, no nordeste de Wyoming.

"Não só obtemos carvão aqui, como também obteremos os elementos de terras raras que vão quebrar nossa dependência da China", disse Wright à Fox News na sexta-feira, no local da mina. O envolvimento de Wright reforça a determinação do presidente Donald Trump em promover projetos de combustíveis fósseis e mineração, além de reverter as iniciativas do ex-presidente Joe Biden em apoiar energias renováveis. Autoridades do governo se mobilizaram na segunda-feira para vender concessões federais de carvão na principal região produtora de carvão dos EUA, no nordeste do Wyoming e sudeste de Montana. Na quinta-feira, autoridades anunciaram uma proposta em Utah que, segundo elas, seria o primeiro projeto de exploração de carvão em propriedade do Departamento de Administração de Terras dos EUA desde 2019. Essas medidas vieram na esteira da legislação assinada na semana passada, que reduziu o pagamento de royalties para empresas que mineram carvão em terras públicas e determinou que autoridades disponibilizassem para potencial mineração uma área maior do que Connecticut. Enquanto isso, autoridades locais em Utah esperam que o governo apoie os planos de construção de um ramal ferroviário para impulsionar a perfuração de petróleo. Uma coalizão de condados do leste de Utah quer que o Departamento de Transportes de Trump aprove US$ 2,4 bilhões em títulos para o ramal de 140 quilômetros para exportar petróleo da Bacia de Uinta, um projeto que pode prosseguir após uma decisão da Suprema Corte dos EUA. Na sexta-feira, os minerais que chamaram a atenção do governo não foram apenas o carvão, mas também as terras raras — uma família de 17 elementos metálicos com propriedades incomuns que os tornam úteis na tecnologia moderna, desde baterias de carros elétricos e turbinas eólicas até dispositivos de mira militares. A única mina de terras raras em operação nos EUA fica em Mountain Pass, na Califórnia. Quase todo o suprimento do país vem da China, a fonte de quase 90% do suprimento mundial. As terras raras não são especialmente raras, mas estão tão dispersas que são difíceis de reunir em quantidades úteis. A preocupação com o acesso contínuo a elas tem sido o foco das negociações recentes entre a China e os EUA, e levou o governo Trump a tentar incentivar mais produção internamente. "Pretendemos minerá-lo aqui no Wyoming, processá-lo aqui no Wyoming e vendê-lo para clientes domésticos, incluindo o governo", disse Randall Atkins, CEO da Ramaco, na quinta-feira. O ex-senador da Virgínia Ocidental, Joe Manchin, democrata que deixou o cargo em janeiro após não se candidatar à reeleição, ingressou no conselho da Ramaco em abril. A nova Mina Brook, embora relativamente pequena, oferece um vislumbre de otimismo para a indústria carbonífera do Wyoming, sendo potencialmente a primeira nova mina de carvão do estado em 50 anos. Enormes minas a céu aberto a leste da Mina Brook fornecem cerca de 40% do carvão do país, mas a mineração de carvão no Wyoming diminuiu substancialmente desde seu pico, há mais de uma década, à medida que as concessionárias de serviços públicos migram para energias renováveis e usinas movidas a gás natural mais barato. "O Wyoming está se mobilizando para atender à crescente demanda energética nacional e internacional – com o reconhecimento de que o carvão – o carvão do Wyoming – é essencial para portfólios energéticos saudáveis", disse Gordon, um republicano, em um comunicado após o evento na Mina Brook. A Mina Brook está em obras há mais de uma década, paralisadas em parte por proprietários de terras preocupados com o esgotamento das águas subterrâneas. Atkins a imaginou originalmente como uma fonte de combustível sub-betuminoso para usinas de energia, como as outras minas de carvão do estado. Uma empresa pública com minas de carvão metalúrgico nos Apalaches, a Ramaco, recebeu nos últimos anos subsídios do Departamento de Energia para desenvolver carvão em produtos à base de carbono, como fibra de carbono. Este ano, recebeu um subsídio de US$ 6,1 milhões do Wyoming para construir uma planta de processamento de terras raras e minerais essenciais. Um relatório de consultoria divulgado esta semana concluiu que o desenvolvimento completo da mina e da planta de processamento para extração de terras raras custaria US$ 533 milhões, uma quantia que poderia ser recuperada em cinco anos se os elementos do carvão se mostrassem lucrativos. A Ramaco também venderia o carvão processado como combustível, disse Atkins. Análises feitas por laboratórios nacionais dos EUA mostram que o carvão da Mina Brook contém quantidades valiosas de terras raras como neodímio, praseodímio, disprósio e térbio, bem como dos minerais essenciais gálio, escândio e germânio, de acordo com uma carta da Ramaco aos acionistas em 1º de julho.

O neodímio e o disprósio são usados nos ímãs permanentes de turbinas eólicas, o lantânio em baterias de carros elétricos e híbridos. O ítrio e o térbio têm usos militares cruciais, incluindo dispositivos de mira.