Como a IA poderia aliviar a pressão sobre as redes elétricas

Segundo a consultoria estratégica “Strategy&”, a inteligência artificial pode ser utilizada na economia digital ao longo de toda a cadeia de valor, beneficiando empresas e famílias.
A ascensão da inteligência artificial (IA) parece imparável. No entanto, existem diferenças. No setor energético, o uso da IA parece estar adaptado à velocidade dos elétrons. Enquanto o campo elétrico se propaga através de um condutor a quase a velocidade da luz, perto de 300.000 km por segundo, o movimento direcionado de elétrons individuais é muito mais lento: eles se movem a cerca de 1,5 metros por hora. Alguns especialistas suspeitam que a razão pela qual as empresas de energia estão ficando para trás em relação a setores como varejo, telecomunicações ou finanças no uso da IA esteja relacionada ao alto grau de confiabilidade que os produtores de eletricidade, como parte da infraestrutura crítica, devem garantir. "Há algo nisso", diz Johannes Schneider, sócio da Strategy&, consultoria global de estratégia da PwC. O setor energético é intensivo em ativos e precisa fazer altos investimentos de capital em ativos tangíveis caros e complexos. "Esses setores precisam ser avessos ao risco até certo ponto", disse Schneider ao STANDARD. Além disso, muitas empresas de energia têm enfrentado recentemente o desafio de configurar seus sistemas de processamento de dados. Algumas empresas simplesmente não tiveram tempo para se envolver com a IA e seu potencial desde o início. Isso está mudando. De acordo com um estudo realizado pela Strategy&, a introdução da IA poderia gerar reduções de custos superiores a 60% e aumentos de produtividade acima de 50% no setor de energia. Na indústria elétrica, existem oportunidades para usar a IA de forma "inteligente e eficaz" em toda a cadeia de valor. Isso começa com a otimização do consumo de combustível – por exemplo, em usinas termelétricas a gás que precisam ser conectadas à rede em dias nublados e sem vento; mas as aplicações também incluem o amplo campo da manutenção remota, como de parques eólicos ou solares, o que também ajuda a economizar custos e tempo.
Chatbots no atendimento ao cliente
Outra aplicação importante é no atendimento ao cliente, onde os chatbots automatizam processos como alterações de endereço ou a criação de perfis de clientes. A IA também auxilia na análise da comunicação com o cliente e na criação de ofertas, resultando em maior eficiência e, de modo geral, em maior satisfação do cliente.
Schneider afirma que a inteligência artificial também oferece diversas possibilidades no setor de redes elétricas, onde poderia ajudar a conter o recente aumento acentuado dos custos das medidas de redistribuição. A redistribuição refere-se às intervenções dos operadores de rede na produção de eletricidade para evitar ou resolver gargalos na rede e estabilizar o fornecimento de energia – intervenções que estão se tornando mais frequentes com o aumento da quantidade de eletricidade proveniente de fontes renováveis na rede, devido à considerável flutuação na geração. Além disso, a integração de dados meteorológicos cada vez mais precisos e seu rápido processamento por meio de IA permitirão uma melhor gestão dos fluxos de eletricidade no futuro.
Uso doméstico
Outra alavanca para mitigar, senão reduzir, os custos de expansão da rede elétrica é o armazenamento de energia. O posicionamento e o controle ideais desses sistemas são complexos, e a inteligência artificial de aprendizado de máquina é superior aos sistemas baseados em regras, afirma Schneider. Novas aplicações também estão surgindo em residências, onde a inteligência artificial pode ser usada para conectar e controlar fontes de energia, como sistemas fotovoltaicos em telhados com bombas de calor para jardins, armazenamento em porões e caixas de armazenamento em garagens. "Se isso for combinado com uma tarifa de eletricidade flexível e a eletricidade for comprada externamente quando os preços estiverem baixos, as famílias podem economizar dinheiro de verdade", diz Schneider. No entanto, há uma ressalva importante. "Essa interação funciona bem em casas unifamiliares com infraestrutura relativamente nova. Contudo, muitas pessoas vivem em prédios multifamiliares, frequentemente com diferentes estruturas de propriedade. Integrar um sistema de gerenciamento de energia residencial nesses casos geralmente se torna muito complicado rapidamente."
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