A Amazônia brasileira atingiu o limite climático do Acordo de Paris em 2024.

Rio de Janeiro - A temperatura média na Amazônia brasileira atingiu 1,5°C em 2024, acima da média histórica, e alcançou o limite máximo estabelecido pelo Acordo de Paris, segundo estudo divulgado pela rede MapBiomas, com base em dados de uma nova plataforma.
No Pantanal, outro dos principais biomas do país, a temperatura ultrapassou o limite estabelecido, chegando a 1,8°C, após 205 dias sem chuva no ano passado.
O Acordo de Paris, assinado em 2015 por 197 países, estabelece como meta global limitar o aumento da temperatura do planeta a menos de 2°C, com ênfase em não ultrapassar 1,5°C, um limite que os especialistas consideram fundamental para evitar impactos climáticos, como eventos extremos.
O desmatamento é uma das causas.O estudo indica que a Amazônia brasileira perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024. Durante esse período, a temperatura média do bioma aumentou 1,2°C. Em todo o Brasil, o aumento ocorreu a uma taxa média de 0,29°C por década.
O Pantanal apresentou a taxa de aquecimento mais rápida, com um aumento de 0,47 °C por década, seguido pelo Cerrado (savana), com um aumento de 0,31 °C no mesmo período.
Em contraste, biomas costeiros como a Mata Atlântica e a Pampa registraram taxas mais moderadas (+0,21 °C e +0,14 °C).
Os dados provêm do MapBiomas Atmosphere, a nova plataforma da rede que fornece informações sobre temperatura, precipitação e poluição atmosférica entre 1985 e 2024, com base em imagens de satélite e modelagem de dados.
Segundo Tasso Acevedo, coordenador geral do MapBiomas, estudos recentes indicam que "o desmatamento altera a troca de calor e vapor de água com a atmosfera", o que causa um aumento nas temperaturas.
A este respeito, Luiz Augusto Toledo Machado, professor visitante da Universidade de São Paulo e membro da equipe MapBiomas Atmosphere, explicou à EFE que, embora o desmatamento seja uma das causas, o aumento da temperatura "deve-se principalmente às mudanças climáticas globais", devido ao acúmulo de gases de efeito estufa.
"O desmatamento (na Amazônia) contribui com 16,5% para o aquecimento total e com 74,5% para a redução das chuvas durante a estação seca", acrescentou.
A maior crise climática em quatro décadasNa análise, a Mapbiomas aponta que, desde 1985, o Brasil registrou sua maior anomalia térmica em 2024, com 1,2 °C acima da temperatura média.
Todos os 27 estados brasileiros registraram temperaturas entre 0,3°C e 2,0°C acima da média histórica. Roraima, localizado na Amazônia brasileira, no norte do país e na fronteira com a Venezuela, foi o estado mais afetado.
Em relação às chuvas, o estudo revelou que, enquanto Rondônia, que faz fronteira com a Bolívia, registrou 36% menos chuva do que a média, o estado do Rio Grande do Sul, que faz fronteira com a Argentina e o Uruguai, teve 19% mais chuva do que a média, com precipitação que causou inundações sem precedentes, resultando na morte de mais de 180 pessoas e no deslocamento de quase 700 mil.
A plataforma também revela dados sobre a poluição do ar, e a Amazônia aparece com as maiores concentrações de partículas microscópicas provenientes da queima de combustíveis fósseis e biomassa, que representam um dos maiores riscos para a saúde respiratória.
Nesse bioma, a estação seca, entre julho e setembro, favoreceu os incêndios florestais, que no ano passado devastaram 15,6 milhões de hectares de vegetação. EFEverde
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