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Incentivos climáticos sim, impostos não... é assim que nós, europeus, pensamos

Incentivos climáticos sim, impostos não... é assim que nós, europeus, pensamos

Madri, 16 de setembro (EFEverde). — Os cidadãos europeus apoiam fortemente políticas de mitigação das mudanças climáticas baseadas em incentivos, como subsídios ao transporte ferroviário ou melhorias na eficiência energética residencial. No entanto, rejeitam veementemente impostos sobre poluentes, como o uso de automóveis ou o consumo de carne, de acordo com uma pesquisa pan-europeia realizada no âmbito do projeto CAPABLE, financiado pela UE.

O estudo, do qual participou o Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB), buscou determinar em que medida os europeus estão dispostos a apoiar as diversas políticas climáticas atualmente em debate na UE. Os resultados mostram um claro contraste: medidas com benefícios diretos e tangíveis recebem apoio majoritário, enquanto aquelas que acarretam encargos econômicos adicionais são rejeitadas.

Fundo Ferroviário Europeu, a medida mais apoiada

Entre as propostas mais amplamente aceitas está a criação de um Fundo Ferroviário Europeu, apoiado por 70% dos entrevistados. Este fundo expandiria a rede ferroviária e reduziria o preço das passagens de trem na Europa em 50%, com impacto direto na redução das emissões do transporte.

Outra medida que recebe apoio considerável (55%) é o isolamento térmico obrigatório das casas até 2040, com subsídios governamentais que cobririam metade do custo para famílias de baixa renda. Da mesma forma, a proibição de jatos particulares também conta com apoio majoritário, em meio ao crescente debate sobre a pegada de carbono desse meio de transporte.

"É provável que essas políticas sejam mais amplamente aceitas em toda a UE e podem oferecer aos formuladores de políticas oportunidades mais fáceis de implementar", disse Keith Smith, pesquisador da ETH Zurique e principal autor do estudo.

Medidas impopulares: impostos sobre carne e automóveis

A pesquisa mostra um padrão comum em todos os países participantes: impostos sobre carne bovina, voos e carros movidos a combustíveis fósseis recebem o menor nível de apoio. Essas propostas, associadas a proibições ou taxas adicionais, são vistas negativamente por uma maioria significativa da população.

As descobertas sugerem que a viabilidade dessas medidas será politicamente limitada se não forem acompanhadas por estratégias de comunicação, compensação social ou benefícios alternativos que possam aumentar sua aceitação pública.

Em contrapartida, políticas com uma componente positiva, como subsídios, fundos de investimento para transportes sustentáveis ​​ou auxílios à eficiência energética, estão a revelar-se mais atrativas para os cidadãos europeus.

Diferenças regionais e perfis sociais

A análise também identifica diferenças significativas entre os países. No Sul da Europa, com exemplos como Grécia, França e Itália, há maior apoio a pelo menos cinco das políticas propostas. Em contraste, no Leste Europeu, especialmente na Polônia e na República Tcheca, o apoio geral é menor.

Além disso, certos grupos sociais apoiam mais as políticas climáticas: mulheres, jovens e pessoas com maior nível educacional se destacam pelo maior nível de apoio em todos os países pesquisados.

"Esses resultados preliminares destacam a heterogeneidade do apoio às políticas climáticas na Europa, mas também uma maneira potencial de construir maiorias para uma ação climática eficaz", observou Johannes Emmerling, coordenador do projeto CAPABLE.

Um inquérito pan-europeu para orientar as políticas

Os resultados vêm de uma pesquisa em larga escala realizada entre 24 de junho e 27 de agosto de 2024, com 19.328 participantes de 13 países europeus: Áustria, República Tcheca, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Hungria, Holanda, Polônia, Eslovênia, Espanha e Suécia.

Nele, os participantes avaliaram 15 políticas climáticas relevantes no atual debate europeu, expressando seu nível de apoio em uma escala de 7 pontos, de forte oposição a forte apoio. Os dados estão disponíveis em uma ferramenta online interativa que permite comparar opiniões por país e por política.

As conclusões reforçam a necessidade de uma abordagem política multidimensional adaptada às realidades nacionais e sociais da UE. Só assim será possível construir bases de apoio fortes que apoiem medidas viáveis ​​e eficazes, capazes de acelerar a transição climática na Europa.

efeverde

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