ONU: Falta de financiamento para que países pobres combatam a crise climática ameaça vidas

Nairóbi - O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alertou que uma lacuna "enorme" no financiamento dos países desenvolvidos para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas "ameaça vidas, meios de subsistência e economias inteiras".
Segundo o "Relatório sobre a Lacuna de Adaptação 2025: Com o Tanque Vazio", publicado como informação para as negociações da Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) do próximo mês em Belém, Brasil, o planejamento e a implementação de medidas de adaptação estão apresentando melhorias.
No entanto, ele enfatiza: "As necessidades de financiamento para adaptação nos países em desenvolvimento até 2035 serão pelo menos doze vezes maiores do que os fluxos atuais de financiamento público internacional para adaptação."
Proteção das populações e das economiasO relatório, que está em sua décima edição este ano, estima que os custos de financiamento da adaptação necessária em países pobres ficarão "entre US$ 310 bilhões e US$ 365 bilhões" até 2035, a fim de proteger suas populações e economias dos impactos do aquecimento global.
Esses valores são baseados em dados de 2023 e não foram ajustados pela inflação, de acordo com o PNUMA, cuja sede fica em Nairóbi, capital do Quênia.
Ele alerta que, se as tendências atuais não forem revertidas rapidamente, a meta do Pacto Climático de Glasgow de dobrar o financiamento público internacional para adaptação, dos níveis de 2019 para cerca de US$ 40 bilhões até 2025, não será alcançada.
"Todas as pessoas neste planeta já estão vivendo com os efeitos das mudanças climáticas: incêndios florestais, ondas de calor, desertificação, inundações e o aumento do custo de vida", disse a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, em um comunicado.
"Se não investirmos em adaptação agora, enfrentaremos custos cada vez maiores a cada ano", acrescentou Andersen.
O PNUMA destaca que, embora 172 países em todo o mundo possuam estratégias de adaptação, 36 delas não as atualizaram em pelo menos uma década, aumentando o risco de respostas ineficazes ou equivocadas.
O valor dos novos projetos de adaptação apoiados por fundos multilaterais — como o Fundo Verde para o Clima e o Fundo Global para o Meio Ambiente — atingiu US$ 920 milhões em 2024, um aumento de 86% em relação à média dos cinco anos anteriores.
O PNUMA destaca que, embora 172 países em todo o mundo possuam estratégias de adaptação, 36 delas não as atualizaram em pelo menos uma década, aumentando o risco de respostas ineficazes ou equivocadas.
O valor dos novos projetos de adaptação apoiados por fundos multilaterais — como o Fundo Verde para o Clima e o Fundo Global para o Meio Ambiente — atingiu US$ 920 milhões em 2024, um aumento de 86% em relação à média dos cinco anos anteriores.
Futuro incertoNo entanto, a agência alerta que essa recuperação pode ser temporária, já que "as novas restrições financeiras tornam o futuro incerto".
O novo objetivo coletivo adotado na COP29, realizada em 2024 em Baku, capital do Azerbaijão, compromete os países desenvolvidos a contribuir com pelo menos US$ 300 bilhões anualmente para ações climáticas em países pobres até 2035, observa o relatório.
Mas esse valor, acrescenta ele, abrange tanto a mitigação quanto a adaptação e ainda é insuficiente para colmatar o défice financeiro.
O PNUMA está a apelar para que o chamado "Roteiro Baku-Belém", que visa mobilizar 1,3 biliões de dólares até 2035, dê prioridade a doações e a mecanismos que não gerem dívida, a fim de evitar agravar o fardo financeiro sobre os países vulneráveis.
A COP30 será realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro, com o objetivo de acelerar a implementação do Acordo de Paris (2015) e mobilizar financiamento climático em larga escala para o Sul Global, entre outros objetivos. EFEverde
aam/pa/cc
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