O Brasil busca liderar o mercado global de bioinsumos com sua agricultura tropical e tecnologia verde.

Foto: Foto de arquivo de um agricultor na Fazenda Recanto Machado, em Minas Gerais. EFE/Fernando Bizerra ARQUIVO
São Paulo, 13 de outubro (EFE) - O Brasil, terceiro maior exportador do agronegócio do mundo e referência em práticas sustentáveis no setor, busca assumir a liderança no mercado internacional de bioinsumos com sua ampla experiência técnica em agricultura tropical e o alto nível tecnológico de suas formulações sustentáveis.
Foi o que explicou à EFE Laudemir André Müller , gerente de Agronegócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) , que acredita que fortalecer as exportações de soluções verdes é fundamental para consolidar a liderança do país na agricultura sustentável.
O dirigente ressaltou que a expansão dos bioinsumos, impulsionada pela sua rentabilidade e impacto ambiental positivo, coloca o Brasil em posição estratégica dentro do movimento global de sustentabilidade.
Bioinsumos em ascensão e biodiversidade únicaO Brasil combina biodiversidade excepcional, pesquisa de ponta, uma indústria madura e agricultores inovadores, fatores que o colocam entre os líderes em agricultura sustentável.
O uso de produtos naturais no campo brasileiro cresceu em média 22% nos últimos três anos, quatro vezes a média global.
Na safra 2024-2025, os bioinsumos trataram 158,6 milhões de hectares, 26% da área total cultivada no país, consolidando uma tendência de expansão sustentada.
Inovação e rentabilidadeO mercado interno de bioinsumos cresceu 35% na última safra. O Brasil conta hoje com mais de 170 empresas produtoras e mais de 1.000 produtos registrados.
“O diferencial do Brasil está no desenvolvimento de formulações adaptadas a condições climáticas extremas”, explicou Müller. Essas tecnologias funcionam tanto em campo aberto quanto em ambientes controlados.
Além disso, o país fez progressos em formulações sustentáveis que melhoram a produtividade agrícola e fortalecem sua posição como fornecedor de bioinsumos competitivos e resilientes ao clima.

Müller enfatizou que as características dos bioinsumos brasileiros os tornam especialmente competitivos em um contexto de aquecimento global e demanda por soluções verdes.
Em culturas como grãos, cana-de-açúcar, algodão, café e frutas, os bioinsumos melhoraram a produtividade, reduziram o uso de agroquímicos e controlaram pragas naturalmente.
Esses produtos naturais reduzem o uso de fertilizantes de nitrogênio e aumentam a eficiência hídrica, essencial para uma agricultura mais sustentável.
Cooperação internacional e liderança verdeDiante desse cenário, a ApexBrasil, em conjunto com a Croplife Brasil , está promovendo o Projeto Bioinsumos do Brasil , lançado em maio passado para consolidar o país como líder global.
A iniciativa busca posicionar o Brasil como um player global no fornecimento de soluções agrícolas baseadas na natureza, com produtos de alta qualidade e tecnologia avançada.
As ações incluem a criação de uma marca internacional, pesquisa de mercado, participação em feiras globais, missões técnicas e cooperação com países parceiros em sustentabilidade agrícola.
Estratégia regional e expansão globalCom um orçamento de quase US$ 1 milhão , o foco inicial do projeto é a América Latina , devido à sua proximidade logística e semelhanças de clima e solo.
A estratégia será posteriormente expandida para a União Europeia e América do Norte , regiões-chave para destacar o potencial do Brasil para a produção sustentável, de acordo com o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana .
"Queremos mostrar ao mundo casos reais de sucesso em sustentabilidade, e a empresa brasileira de biotecnologia é uma delas", disse Viana à EFE.
Ciência, tecnologia e agricultura tropicalA agricultura brasileira, uma das mais competitivas do mundo, evolui em um ambiente complexo , com solos pobres, altas temperaturas, chuvas irregulares e forte pressão de pragas.
"Esse cenário, que em muitos países seria um obstáculo, tornou-se um estímulo à inovação no Brasil", enfatizou Müller durante a entrevista.
Essa combinação de desafios tem fomentado uma forte colaboração entre universidades, centros de pesquisa e indústria , gerando avanços científicos e tecnológicos aplicados à área.
Pesquisa aplicada e biotecnologiaInstituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lideram projetos de biotecnologia e inteligência artificial focados em melhorar a eficiência agrícola e reduzir o impacto ambiental.
Essas alianças permitiram o desenvolvimento de soluções baseadas em bioinformática e biologia sintética , capazes de identificar microrganismos úteis para a proteção de culturas e regeneração de solos.
A pesquisa pública e privada também promoveu a criação de um ambiente de inovação que combina produtividade, resiliência climática e sustentabilidade ambiental.
Rumo a uma agricultura mais verde e competitivaA aposta nos bioinsumos agrícolas reflete uma mudança estrutural no modelo produtivo brasileiro, que prioriza a circularidade dos recursos e a redução do desperdício de produtos químicos .
Segundo a ApexBrasil, esses avanços colocam o país em posição vantajosa em relação a outros mercados em transição para uma agricultura de baixo carbono .
Com mais de 60 milhões de hectares de terras agrícolas certificadas como sustentáveis , o Brasil fortalece sua imagem internacional como líder em inovação verde aplicada à agricultura.
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