Quais são os cinco países mais perigosos para ser um defensor ambiental na América Latina?

Nicole Andrea Vargas
Defender o meio ambiente e os direitos humanos são tarefas de alto risco na América Latina, que só em 2024 registrou 257 mortes violentas — 80% do total global —, demonstrando que é a região mais perigosa para a proteção do planeta.
Esses dados fazem parte do relatório de análise global da ONG Front Line Defenders (FLD) que destacou no mapa os cinco países ibero-americanos mais perigosos para a realização desse tipo de trabalho: Colômbia (com 157 vítimas), México (32), Guatemala (29), Brasil (15) e Peru (9).
Conflitos armados e atividades extrativistas são algumas das causas por trás desses casos, mas a falta de proteção estatal e o "desmantelamento da legislação ambiental" pelos respectivos governos são "as principais causas do aumento dessa violência", explica à EFE Julia Lima, porta-voz da FLD.
Eles exigem justiça e a prisão dos mentores do assassinato do ambientalista hondurenho Juan López.
O problema se agravou desde 2023, quando 196 pessoas foram assassinadas no mundo, 166 delas em países latino-americanos, segundo o relatório anual da ONG Global Witness (GW).
E no primeiro semestre de 2025, "a situação continua se agravando", segundo Lima, com uma "tendência crescente à criminalização" dos defensores que "esgota as vítimas e aprofunda a impunidade".
Colômbia, na liderançaO Programa Somos Defensores, que compila os casos usados por essas organizações para elaborar seus relatórios anuais, registrou pelo menos 39 assassinatos na Colômbia no primeiro trimestre do ano. Segundo um de seus porta-vozes, Juan Manuel Quinche, "um país com uma história muito violenta", primeiro com o surgimento de "grupos guerrilheiros e paramilitares, e depois com aqueles resultantes do processo de desmobilização".
Menos de 15% dos assassinatos de defensores são resolvidos por decisão judicial, afirma Quinche, o que "perpetua a violência" e tem "consequências graves" para outros protetores de terras, especialmente em áreas onde "o Estado não está presente", dada a localização "estratégica" do país, que conecta os Andes, a Amazônia e os oceanos Pacífico e Atlântico, o que "favorece a presença de atores armados transnacionais ilegais".
México, "racismo sistêmico"No México, a FLD denuncia o "racismo sistêmico que permeia o sistema de justiça criminal" e afeta os defensores indígenas com "prisões arbitrárias" e sentenças de prisão tão severas que são consideradas "sentenças perpétuas informais".
Isso "limita seu direito de defender seus interesses e direitos coletivos", como a proteção de seus espaços naturais, e os expõe a "todos os tipos de violações".
Com uma população de 18 milhões, a Guatemala ocupa o décimo lugar na América Latina, mas o terceiro em violência contra defensores dos direitos humanos no mundo, com 29 assassinatos.
O aumento da violência contra ambientalistas é "extremo" na América Central, segundo a GW, considerando que, "numa região com menos de 1% da população mundial, 36 defensores foram assassinados" somente em 2023: "Um em cada cinco homicídios" no mundo.
A Amazônia ao fundoMilícias armadas, "frequentemente compostas por proprietários de terras e grupos rurais locais", são responsabilizadas pela FLD pelo aumento da violência no Brasil, particularmente contra povos indígenas.
O "descumprimento" dos mecanismos de proteção pelo governo brasileiro também contribui para o aumento de casos, reclama Lima.
O Peru cobre uma parcela significativa da Amazônia (12%), ficando atrás apenas do Brasil (60%), e esse território tem sido há anos um centro de atividades ilícitas, como mineração ilegal e tráfico de drogas, o que tem levado ao aumento de ataques a comunidades que defendem seu território.
"A falta de fiscalização do Estado e a corrupção agravaram a situação", afirma Lima, que aponta a ligação entre os casos de desmatamento e empresas privadas cujos donos fazem parte do próprio governo.
O Acordo de Escazú — um tratado regional que entrou em vigor em 2021 após ser aprovado na Costa Rica em 2018 com o objetivo, entre outras coisas, de garantir a proteção dos líderes ambientais da área — não conseguiu reduzir a violência na região.
Embora Lima reconheça que "estabelece um precedente na proteção ambiental", sua implementação "é complexa devido à falta de apoio estatal dos países signatários", que são responsáveis por "proteger as comunidades" de seus agressores.
Além disso, não inclui jornalistas na categoria de defensores ambientais, um ponto de debate considerando que 44 jornalistas ambientais foram assassinados nos últimos 15 anos, de acordo com um estudo da UNESCO.
efeverde