Vander Costa defende transporte coletivo como eixo da transição energética

Presidente do Sistema Transporte destaca urgência de políticas públicas voltadas à mobilidade urbana e propõe medidas de baixo custo para reduzir emissões
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, defendeu a adoção de políticas públicas que priorizem o transporte coletivo como instrumento para reduzir emissões e melhorar a qualidade de vida nas cidades. A declaração foi dada em Portugal, durante o painel Mobilidade em Transformação: O Papel do Transporte na Revolução Energética, no 13º Fórum Jurídico de Lisboa, realizado no último dia 3, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
O Sistema Transporte é composto pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), pelo Serviço Social do Transporte e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest-Senat), além do ITL (Instituto de Transporte e Logística). A estrutura atua em defesa dos interesses do setor transportador, com foco em qualificação profissional, saúde, pesquisa e desenvolvimento logístico.
“Apesar de ser um princípio constitucional, o que vemos nas principais cidades do Brasil é o incentivo ao transporte individual, seja por moto ou automóvel. Precisamos mudar essa lógica e valorizar o transporte coletivo como solução para a mobilidade e para o meio ambiente”, afirmou.
Vander Costa dividiu o painel com representantes do setor produtivo e de instituições financeiras. Ao abordar os desafios da transição energética no transporte, ele apontou medidas estruturais e de baixo custo que podem contribuir para a redução de poluentes no Brasil. Uma delas é a renovação da frota nacional. Segundo o presidente do Sistema Transporte, a simples substituição de veículos com mais de 20 anos por modelos novos pode resultar em uma queda de até 95% nas emissões, sem depender exclusivamente da eletrificação.
Entre os pontos levantados, Vander também defendeu a revisão do modelo tributário com a criação de um IPVA progressivo, ajustado ao nível de poluição dos veículos, além do incentivo ao uso de biocombustíveis. Ele destacou o papel do etanol, que possui menor impacto ambiental ao longo de sua cadeia produtiva, e fez um alerta sobre os riscos do biodiesel da forma como é atualmente especificado no país. “Segundo estudos acadêmicos, essa prática pode aumentar as emissões devido à perda de eficiência dos motores”, afirmou.
Outra alternativa apresentada foi o uso de biogás a partir de resíduos urbanos para abastecimento de frotas municipais. Segundo ele, além de sustentável, essa solução pode reduzir os custos operacionais. Ao final da exposição, Vander mencionou a entrega de propostas concretas para a descarbonização do setor em fóruns internacionais e reforçou o compromisso do Sistema Transporte com a agenda ambiental.
A COP30, que será realizada em novembro deste ano, em Belém (PA), contará com presença ativa da entidade, por meio da Estação do Desenvolvimento, um espaço criado para fomentar o debate sobre o futuro sustentável da mobilidade no país.
O painel contou com moderação de Sérgio Moraes, diretor de Jurídico & Governança do Grupo Santa, e reuniu ainda o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz; o advogado-geral da Petrobras, Wellington César Lima; o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Lucas Asfor Rocha; o diretor jurídico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Walter Baere; e o vice-presidente da Cosan S.A., Guilherme Penin.
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