Vão central é o maior desafio para construção da Ponte Salvador-Itaparica

Os trabalhos começarão pelo vão central, que terá mastro principal com 218 metros de altura para permitir passagem dos navios

A construção do vão central da ponte Salvador-Itaparica, prevista para ser erguida na Baía de Todos-os-Santos, é o maior desafio da obra, segundo Cláudio Villas Boas, CEO da Concessionária responsável pela execução dos trabalhos. Será a maior extensão sobre o mar da América Latina.

Cláudio fez uma apresentação sobre o projeto nesta quinta-feira (14), no Bahia Export, fórum estadual promovido pelo Grupo Brasil Export, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador.

Ele explicou que os trabalhos começarão pelo vão central, que terá o mastro principal com 218 metros de altura, acima do nível mar, permitindo a livre navegação das embarcações, além de 60 metros de profundidade e mais 40 debaixo da terra.

“É o ponto crítico da construção: a gente começa pelo mastro principal e termina a obra com a conclusão dele (enquanto o restante da obra se desenvolve). Vale destacar que o vão foi dimensionado com muito critério, respeitando normas nacionais e internacionais, com a participação de toda a comunidade técnica. Projetamos o tráfego marítimo para a Baía de Todos-os-Santos, inclusive, para navios que ainda não frequentam a região, mas podem passar a frequentar no futuro, com destino ao Porto de Salvador”, explicou o CEO.

Villas Boas mostrou também que os pilares centrais terão uma proteção “robusta” contra possíveis impactos de navios.

O projeto de infraestrutura é o maior da Bahia e uma das maiores estruturas do Brasil. A ponte visa aumentar a competitividade logística e de transporte do estado, além de melhorar a mobilidade da região.

O equipamento foi idealizado pelo governo do Estado e terá 12,4 km de extensão, ligando Salvador ao Recôncavo Baiano em um percurso de no máximo 20 minutos – hoje essa travessia é feita por ferry-boat e leva 2 horas.

O investimento é de R$ 10,6 bilhões e as obras estão previstas para começarem no ano que vem, com conclusão em seis anos (2032).

Histórico

Os primeiros projetos da Ponte Salvador-Itaparica são dos anos 70, mas nunca saíram do papel. A proposta só voltou a ser discutida em 2010, quando o governo estadual decidiu retomar a ideia.

Em dezembro de 2019, um consórcio formado por duas empresas chinesas venceu um leilão para construir e administrar a ponte. Na época, a previsão era de mais de R$ 7,6 bilhões em gastos. Porém, com o passar dos anos, o consórcio pediu reajuste devido ao aumento de juros e valores dos materiais de construção e do aço.

A Comissão Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) reavaliou a proposta e aprovou o reajuste, que hoje passa de R$ 10 bilhões. São previstos sete mil empregos a partir da obra, o que deve impulsionar a economia regional.