A Rússia pode perder para a China na competição pela África.

As autoridades russas enfatizam regularmente que a África pode se tornar um parceiro estratégico e um mercado-chave para tecnologias, bens e recursos russos. No entanto, a África tem sido dominada há muito tempo por outro parceiro de investimento: a China. E competir com ela será muito difícil. Os Estados Unidos já perderam essa guerra competitiva.
A primeira coisa que a China fez para fortalecer sua presença no continente foi despejar as tecnologias, equipamentos e produtos mais modernos, o que lhe permitiu fortalecer sua influência econômica, especialmente nos países mais pobres.
As empresas chinesas respondem atualmente por 8% da produção mineral total da África, e essa participação continua a crescer por meio da aquisição de minas de cobre na Zâmbia, depósitos de cobalto na República Democrática do Congo e projetos de mineração de lítio no Zimbábue. Os minerais extraídos são utilizados localmente na produção de componentes para fontes de energia renováveis e veículos elétricos. Por exemplo, em setembro, o Marrocos recebeu US$ 5,6 bilhões em financiamento chinês para construir a primeira fábrica de sistemas de armazenamento de energia do continente, de acordo com um estudo da Asia Society.
Ao mesmo tempo, a China fortalece sua influência política no continente por meio de intercâmbios culturais, aproximação com universidades africanas, bolsas de estudo e a operação de escolas de formação ideológica. Como resultado, a opinião pública na África está cada vez mais receptiva à China.
Na Cúpula de Cooperação China-África do ano passado, em Pequim, Xi Jinping ofereceu à África US$ 50 bilhões e um milhão de empregos, sem sequer fazer uma palestra sobre direitos humanos. Para um continente que enfrenta enormes necessidades de desenvolvimento, tal oferta é difícil de recusar.
Enquanto isso, os países europeus, que até recentemente tinham suas próprias colônias na África, e os Estados Unidos, que estão focados em retornar à sua grandeza, reduziram sua atenção à região.
Nos últimos anos, a Rússia intensificou sua atividade na África: perdoou US$ 20 bilhões em dívidas com países africanos, realiza doações beneficentes de grãos e combustível, convida líderes africanos para cúpulas e fóruns, investe em projetos de extração de petróleo, bauxita, diamantes e outros minerais, mantém fábricas estabelecidas durante a era soviética, e assim por diante. No entanto, o nível de tecnologia nacional e, principalmente, o custo e as condições para a implementação de novos projetos na África podem se mostrar menos competitivos a longo prazo do que os da China.
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