A Espanha tem apenas 2.100 oásis climáticos, um para cada 23.000 habitantes.

Alicante, 7 de julho (EFE). — Um estudo científico realizado por especialistas de diversas universidades espanholas estima o número de abrigos climáticos no país em 2.122, ou seja, um para cada 23.000 habitantes. Este número é considerado "insuficiente" em um contexto de mudanças climáticas com ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas.

O inventário 'Abrigos climáticos em Espanha: leitura crítica de uma instalação urbana para o turismo de verão' foi publicado na revista científica 'Tourism Research', da Universidade de Alicante (UA), por Jorge Olcina (UA), Carmen Mínguez e Rubén Villar-Navascués (Complutense), Javier Martín-Vide (U.Barcelona), Hélder Silva Lopes (U.do Minho, Portugal) e Macià Blázquez-Salom (U.Illes Balears).

Refúgios climáticos são espaços de acesso aberto, cobertos ou ao ar livre, que, sem perder sua função original, oferecem condições ambientais confortáveis, especialmente água e uma temperatura agradável. Esses "oásis urbanos" podem acolher e proteger os moradores em caso de calor (ou frio) extremo e geralmente são parques com sombra e água abundantes, ou centros comunitários, instalações culturais ou bibliotecas onde os cidadãos podem passar as horas mais quentes do dia.

Com base em dados do final de 2024, e embora não haja um registro oficial devido à falta de regulamentação desse tipo de espaço, o número de 2.122 abrigos climáticos é derivado das medidas de adaptação às mudanças climáticas de 46 Planos de Ação Climática e de Energia Sustentável (PACES), que abrangem 26 capitais provinciais e 20 grandes destinos turísticos.

Abrigos climáticos são "claramente insuficientes" na Espanha

Para os cientistas, este é um número "claramente insuficiente" para a população residente e para o número de visitas turísticas registradas, já que é de uma para cada 7.200 habitantes, sem contar o alto número de turistas, muitos deles estrangeiros.

O estudo mostra que a Catalunha é a região do país com a rede mais densa de abrigos climáticos, com 1.707, dos quais 366 estão localizados na cidade de Barcelona, ​​766 no resto da província, e 253 em Tarragona, 219 em Girona e 140 em Lleida.

O relatório mostra que esta região tem um site regional e municipal com locais de abrigos e que a cidade de Barcelona é um "exemplo mundial por sua rede de abrigos climáticos", com uma taxa que cai de um a cada 23.000 para cada 7.200 a menos de 10 minutos de casa ou do trabalho, em uma cidade que recebe em média 200.000 visitantes por dia durante os meses de verão.

Seguindo a Catalunha, e bem atrás, está o País Basco, com 245, onde San Sebastián tem 89, Bilbao 131 e Vitória 25; Múrcia com 70; Aragão com 57, todos em Saragoça, exceto um em Teruel; 31 em Madri, 5 na Andaluzia; 4 na Comunidade Valenciana; e 2 nas Ilhas Canárias, entre outras. Há muito poucos ou nenhum em algumas regiões autônomas no norte da península, que são menos propensas a altas temperaturas.

Especialistas insistem que a proporção de abrigos climáticos por habitante na Espanha de 1 para cada 23.000 habitantes é um número "insuficiente", dada a população anual de visitantes (85.169.050 em 2023, INE), e também insuficiente em relação à evolução das ondas de calor nos últimos anos e aos efeitos na saúde humana.

'Oásis' que aumentam o apelo turístico

Os autores observaram que a incorporação de refúgios climáticos em ambientes urbanos é cada vez mais reconhecida como uma estratégia importante para melhorar o conforto térmico, especialmente em cidades com condições climáticas extremas. Acrescentaram que a disponibilidade desses refúgios climáticos pode influenciar significativamente a atratividade e a competitividade do turismo.

"Essas instalações, estrategicamente localizadas em ambientes urbanos, oferecem aos moradores e visitantes locais protegidos e acessíveis contra ondas de calor e outros eventos climáticos extremos, contribuindo para a satisfação dos visitantes e seu bem-estar geral", afirma o relatório. EFE