Costa Rica, um país de grande riqueza natural ameaçado pelo discurso antiambiental

San José, 5 de junho (EFE). — A Costa Rica, que abriga cerca de 6% da biodiversidade mundial, enfrenta atualmente uma retórica antiambiental que ameaça suas conquistas históricas na proteção dos recursos naturais. Ambientalistas denunciaram a situação desafiadora na quinta-feira, como parte do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Nos últimos anos, houve "o retorno do discurso antiambiental na esfera pública, tanto por parte de atores políticos e institucionais quanto de organizações comerciais e sociais, que apresenta o meio ambiente como um obstáculo ao desenvolvimento", alerta o mais recente relatório do Programa Estado da Nação (PEN), elaborado pelo Conselho Nacional de Reitores das Universidades Públicas. Por sua vez, o Programa de Quiosques Ambientais da Universidade da Costa Rica emitiu um comunicado nesta quinta-feira denunciando que, entre 1975 e 2020, 13 defensores ambientais foram assassinados no país, e que muitos desses casos permanecem impunes.
Além disso, ele reconheceu o trabalho de ativistas e organizações indígenas que trabalharam para proteger o meio ambiente, apesar de alguns deles receberem ameaças, incluindo ameaças de morte.
"Em um contexto cada vez mais desafiador para aqueles que se manifestam em defesa da natureza e dos direitos humanos, reconhecer publicamente o trabalho de indivíduos e comunidades que defendem o meio ambiente é um ato de justiça e esperança. Suas histórias nos lembram que a luta pela terra, pelo mar, pela água, pelas florestas e pela vida não é uma questão individual ou isolada, mas uma causa comum que atravessa gerações, territórios e culturas", afirmou a Kioscos Ambientales.
O relatório do Programa Estado da Nação alertou que, desde 2022, quando assumiu o atual governo do presidente Rodrigo Chaves, "houve uma mudança mais clara na narrativa oficial, materializando-se em ações contrárias ao discurso histórico e em maiores violações ao patrimônio natural do estado".
"Os limites de uma área de conservação foram reduzidos e modificados, e o apoio a iniciativas promovidas pela Costa Rica em todo o mundo foi retirado. Discussões sobre exploração de gás natural e petróleo, a reativação da mineração a céu aberto e da pesca de arrasto de camarão, e capacidades institucionais foram enfraquecidas", afirma o relatório.
O documento reconhece que a Costa Rica aumentou seu compromisso com a proteção dos oceanos e destaca a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade como "a grande força do país", mas alerta que "as capacidades de gestão institucional foram sistematicamente minadas e novas frentes de pressão produtiva, social, econômica e política se abriram, enfraquecendo e ameaçando essas conquistas".
"A Costa Rica precisa conectar a agenda de desenvolvimento com a sustentabilidade e, para isso, é necessário, entre outras coisas, construir políticas públicas baseadas em informação e visão de longo prazo; alavancar o atual conjunto de ferramentas regulatórias; fomentar uma cidadania ativa; e criar vínculos entre os setores econômico, social e institucional", enfatiza o documento.
A pesquisa também destaca os desafios que a Costa Rica enfrenta, como o uso de pesticidas, a gestão da água, a poluição plástica e do tráfego, a cobertura florestal, o fortalecimento do Pagamento por Serviços Ambientais e as ações para enfrentar as mudanças climáticas. EFE
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