Da hora do rush à hora verde. Por Elena Peyró (CEO da Joinup)

Todas as manhãs, milhões de pessoas na Espanha repetem a mesma rotina: casa-escritório-casa. Não estamos falando de estradas ou cargas; estamos falando da cidade, da hora do rush e de funcionários viajando (quase sempre sozinhos) em seus carros. Essa é a rotina diária que todos conhecemos, mas também é uma das principais causas do congestionamento e da poluição que afetam nossas cidades.
Com a recente aprovação da nova Lei da Mobilidade Sustentável, surge uma questão importante: que mudanças reais ela trará para as empresas e para os deslocamentos que congestionam nossas ruas e nosso ar?
A mobilidade começa com dadosVamos começar com os dados. Na Espanha, 62% dos deslocamentos são feitos de carro, enquanto menos de 16% são feitos de transporte público ou a pé.
Em cidades como Madri, a propriedade de carros particulares chega a 53%. Aquele engarrafamento que todos sofremos tem nome, hora e sobrenome corporativo.
E é aí que entra a Lei da Mobilidade Sustentável, que obriga grandes empresas a criarem Planos de Mobilidade no Trabalho.
A partir de 2025, empresas com mais de 200 funcionários serão obrigadas a cumprir essa regulamentação, que estabelece medidas para reduzir o uso de carros com apenas um ocupante, promover o transporte público e incentivar o compartilhamento de carros.
O objetivo é claro: menos carros na hora do rush, mais eficiência para todos.
Mas, para isso, precisamos de mais do que boas intenções. A lei também promove a criação de um sistema de dados de mobilidade, que se torna uma ferramenta fundamental para as empresas.
Se soubermos como e quando nossos funcionários viajam, podemos tomar decisões informadas para otimizar rotas, horários e custos. Sem dados, não há planejamento possível.
Mas com dados, cada quilômetro conta e cada viagem pode ser mais eficiente.
Carona solidária como solução inteligenteAs empresas são uma parte fundamental do ecossistema urbano. Das vagas de estacionamento em seus prédios à localização de suas sedes, tudo influencia o congestionamento. Gerenciar a mobilidade dentro da empresa não deve ser apenas uma exigência legal, mas uma oportunidade para transformar a cultura corporativa.
Não se trata de quem tem uma vaga de estacionamento, mas de encontrar maneiras de reduzir o tempo de inatividade durante a hora do rush e o impacto social da poluição.
Uma das soluções mais simples e eficazes propostas pela lei é o serviço de carona solidária corporativa. Esse serviço permite que funcionários compartilhem carros com colegas que percorrem rotas semelhantes, otimizando o uso do veículo e reduzindo custos e emissões de CO₂.
Não requer grandes infraestruturas nem orçamentos multimilionários, mas requer confiança, coordenação e tecnologia. Quando bem implementada, as empresas não só reduzem as emissões e economizam espaço de estacionamento, como também fortalecem o senso de comunidade entre seus funcionários.
A melhor parte é que esta não é uma medida isolada. Ela pode ser auditada, mensurada e apresentada em relatórios de sustentabilidade, o que a torna perfeitamente compatível com a lei.
Além dos benefícios ambientais, a carona solidária também traz vantagens econômicas e humanas. Com horários mais escalonados, por exemplo, os picos de trânsito são reduzidos, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, reduzindo o estresse e aumentando a produtividade.
Menos carros, mais eficiênciaA redução do tempo de deslocamento é um dos principais benefícios da mobilidade corporativa. Se uma empresa puder ajudar seus funcionários a economizar apenas dez minutos por dia em seus deslocamentos, isso se traduz em quase duas semanas de tempo de trabalho economizadas por ano para cada funcionário.
Menos estresse, menos tempo no carro e, claro, menos impacto ambiental.
Na Joinup, trabalhamos para demonstrar como a mobilidade corporativa pode ser mais eficiente e sustentável. Nossa plataforma integra soluções de táxi corporativo, caronas, carregamento de veículos elétricos, estacionamento e monitoramento de quilometragem, ajudando as empresas a gerenciar suas viagens de forma mais sustentável e lucrativa.
Com foco em digitalização e sustentabilidade, nos posicionamos como aliados de empresas que buscam se adequar à Lei da Mobilidade Sustentável e reduzir seu impacto ambiental.
Sustentabilidade como prática diáriaSe fizermos isso corretamente, podemos mudar a forma como enxergamos a mobilidade. A sustentabilidade deixa de ser apenas um slogan e se torna uma prática diária.
Se uma empresa consegue que dois funcionários compartilhem um carro, um terceiro use transporte público e um quarto trabalhe remotamente um dia por semana, ela já deu um passo importante em direção a um modelo de mobilidade mais responsável.
Em suma, a nova lei coloca as empresas no centro da transformação da mobilidade urbana. Esta legislação não é apenas uma obrigação; é uma oportunidade para empresas que desejam se adaptar a um ambiente mais sustentável, flexível e eficiente.
Se tratarmos isso como uma mera formalidade, não alcançaremos nada.
Mas se encararmos isso como uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida dos nossos funcionários, reduzir custos e contribuir para a descarbonização, teremos alcançado muito mais do que simplesmente reduzir emissões: teremos construído um futuro mais responsável para todos.
Elena Peyró é CEO da Joinup.
Green Opinion Makers #CDO é um blog coletivo coordenado por Arturo Larena , diretor da EFEverde
Esta coluna pode ser reproduzida livremente, citando seus autores e o EFEverde.
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Este blog "influenciador verde" foi finalista do Orange Journalism and Sustainability Awards 2023 na categoria "novos formatos".
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