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RSF pede proteção a jornalistas exilados na Espanha em meio ao crescente êxodo global

RSF pede proteção a jornalistas exilados na Espanha em meio ao crescente êxodo global

Madri, 19 de junho (EFEverde). — O exílio de jornalistas cresce na mesma proporção que a liberdade de imprensa se deteriora em todo o mundo, e a Espanha se tornou um dos destinos preferidos para aqueles que fogem da repressão, segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, a organização apelou ao governo de Pedro Sánchez para que assuma um "firme compromisso" com os jornalistas que buscam asilo e os lembra de que "protegê-los é proteger a democracia".

Dos fundos de emergência administrados pela RSF em 2024, 70% foram para 716 jornalistas exilados ou deslocados — principalmente do Afeganistão, Rússia, Irã e Nicarágua — para cobrir procedimentos de reassentamento e assistência inicial.

"A Espanha precisa estar à altura das circunstâncias agora que os Estados Unidos reduziram seu apoio tradicional à liberdade de imprensa", enfatiza Edith Rodríguez Cachera, vice-presidente da RSF Espanha.

A organização observa um fluxo constante de profissionais latino-americanos chegando à Espanha vindos de ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua, e de países onde a violência criminal ameaça a imprensa, como México e Colômbia.

“Escolhi a Espanha porque não precisei abandonar minha profissão aqui”, explica o repórter cubano Alfredo Herrera, exilado desde 2021.

Êxodo devido ao autoritarismo e aos conflitos

A ascensão de regimes autoritários, os conflitos armados e a violência do crime organizado e das máfias estão por trás do êxodo forçado de jornalistas. O Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2025 da RSF revela que apenas 1% da população vive em países com "boas" condições para a cobertura jornalística, e que a situação é "difícil" ou "muito grave" em metade dos países do mundo.

“A perseguição está forçando redações inteiras a trabalhar do exterior”, observa a RSF. É o caso de veículos de comunicação nicaraguenses como o Despacho 505 , que opera na Espanha após a repressão do regime de Ortega-Murillo. Seu cofundador, José Denis Cruz, descreve “o esgotamento de trabalhar a noite toda para continuar reportando para Manágua”.

A suspensão do financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) durante o governo Trump exacerbou a fragilidade financeira dos meios de comunicação no exílio, observa o relatório.

Espanha, segundo país da UE em pedidos de asilo

Em 2024, a Espanha recebeu 18% de todos os pedidos de asilo registrados na União Europeia, ficando atrás apenas da Alemanha. A RSF estima que pelo menos 400 jornalistas — da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Colômbia, Síria e Afeganistão — residam atualmente na Espanha.

“A integração é extremamente difícil quando se perde o status profissional”, alerta a psicóloga Marta Guarch-Rubio, que estuda a chamada “síndrome de Ulisses” entre jornalistas migrantes. Além das barreiras culturais e linguísticas, há também preconceitos no ambiente de trabalho. A afegã Khadija Amin, exilada após a chegada do Talibã em 2021, defende “oficinas e cursos” para não ser reduzida a “apenas uma refugiada”.

Luciana Peker, jornalista argentina que deixou seu país após ser criticada pelo presidente Javier Milei, lamenta que "o sotaque latino-americano continue fechando portas nas redações espanholas".

Apelo ao Governo e à Comunicação Social Espanhola

A RSF Espanha insta o governo e a mídia a aproveitarem o "pool de talentos" que esse fluxo migratório representa. "É urgente que o governo compreenda o valor do exílio jornalístico na defesa da democracia global", enfatiza Rodríguez Cachera. A organização propõe facilitar vistos humanitários, agilizar os procedimentos de reconhecimento profissional e promover a contratação em meios de comunicação públicos e privados.

“Madri hoje é um mosaico onde um em cada sete habitantes nasceu na América Latina; essa realidade deve ser refletida na imprensa”, ressalta Herrera. A colombiana Laura Ardila sonha com “uma grande redação ibero-americana no exílio, que cubra fenômenos que abrangem vários países”.

Para a RSF, todas as medidas que garantam a continuidade da vida profissional de jornalistas refugiados contribuirão para o fortalecimento da liberdade de imprensa global. "Proteger as vozes daqueles que foram silenciados", conclui a ONG, "é a melhor defesa contra o crescente autoritarismo". EFEverde

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