O setor de energia renovável do Brasil está em crise severa - empresas de energia estão falindo, redes não são suficientes

Às vésperas da COP30, os setores de energia eólica e solar do Brasil estão em uma crise grave: diversas empresas de energia entraram com pedido de falência, e o país está enfrentando uma grave escassez de redes elétricas, o que frequentemente causa apagões em larga escala, relata a Bloomberg.
O aumento da produção de energia renovável e sua irregularidade levaram a uma sobrecarga grave das redes elétricas; as linhas de transmissão do país são antigas e insuficientes para absorver e distribuir uniformemente ao longo do dia toda a energia gerada. A situação é agravada pelo fato de a maioria das usinas solares e eólicas estar localizada no Nordeste do Brasil, e a maioria dos grandes consumidores estar no Sudeste do país. Isso força as operadoras de redes elétricas a limitar os volumes de produção em seus projetos e a perder lucros.
O país está se preparando para sediar a COP30, mas sua rede elétrica já falhou diversas vezes, causando grandes apagões, inclusive em Brasília e no Rio de Janeiro.
As duas maiores empresas de energia renovável do país, a 2W Ecobank e a Rio Alto Energias Renováveis, entraram recentemente com pedido de proteção contra falência e estão tentando reestruturar grandes dívidas com bancos durante um período em que a taxa básica de juros subiu para 15%.
A Aeris, maior fabricante local de pás para turbinas eólicas, conseguiu reestruturar sua dívida após cortar mais de 3.700 empregos. Somente no setor de energia eólica, até 11.000 empregos foram cortados durante 2024-2025.
"Estamos vivendo o pior momento" para o setor energético do Brasil, disse Elbia Ghannoum, presidente da associação nacional de energia eólica Abeeolica.
"Os empréstimos e os pagamentos dos títulos serão quitados. Mas é do interesse dos investidores e bancos superar esta tempestade junto com o setor", disse Rodrigo Sauaya, diretor executivo da Associação Nacional de Energia Solar Absolar.
“Até que tenhamos muitas linhas de transmissão para transportar essa energia, ainda veremos cortes significativos”, disse Taina Cavalini, Diretora Associada de Infraestrutura e Financiamento de Projetos da Fitch.
O nordeste brasileiro deve construir data centers e projetos de hidrogênio verde para absorver o excesso de energia, de acordo com Eduardo Sattamini, chefe da divisão brasileira da Engie SA, que propõe combater o desequilíbrio energético.
Pode levar quase uma década para inaugurar novas linhas de transmissão que conectem energia renovável aos maiores mercados consumidores do país. O próximo leilão de transmissão no Brasil está previsto para outubro de 2025.
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