A luta incessante da República Dominicana para limpar suas famosas praias de sargaço

Punta Cana (República Dominicana), 14 de julho (EFE). - A República Dominicana trava uma batalha implacável contra o sargaço, já que sua presença voltou a aumentar em grande parte da turística Punta Cana e em outras partes do país. Máquinas que coletam as macroalgas acumuladas na areia ou aquelas que as enchem em carrinhos de mão agora fazem parte da paisagem.
É o caso de Marlon, 28 anos, que empurra um carrinho de mão carregado de sargaço pela orla da praia de Bávaro.
"Meu dia começa às 8h e, ao longo do dia, faço dezenas de viagens para remover as algas que obstruem o passeio dos turistas e estragam esta linda praia", conta Marlon à EFE.
Ele faz parte de um grupo de homens que trabalha diariamente em nome de pequenos hoteleiros para combater a chegada do sargaço. Ao contrário deles, as grandes redes hoteleiras utilizam máquinas que percorrem as praias, coletando e triturando as algas em uma carroça puxada por elas.
Muitos turistas se divertem observando o vai e vem desses tratores, enquanto, alheios a eles e ao sargaço, outros na praia aprendem a dançar bachata ou a jogar uma partida de vôlei. Embora essas macroalgas tenham se tornado cada vez mais comuns nas praias da região, Fernanda, uma turista espanhola, explica que já esteve em Punta Cana antes, mas sempre no final do ano, e afirma: "Esta é a primeira vez que vejo as praias assim, cobertas de sargaço. É realmente impressionante." Quando perguntada se voltaria, ela responde: "Com certeza, mas durante o Natal."

O sargaço também está criando dificuldades para Pedro, um guia de mergulho que trabalha nesta área há anos: "O trabalho está complicado agora; é difícil conseguir clientes que queiram mergulhar porque as pessoas acham que, onde quer que as levemos no barco, tudo estará igualmente coberto de sargaço."
Enquanto isso, os turistas passeiam pelo emaranhado de algas que se estende por quilômetros pelas areias brancas da região. Para chegar à água, eles precisam passar por cima dela ou pular. Um pouco mais adiante, uma jovem se diverte agarrando-as com as mãos e separando-as para abrir pequenos caminhos, enquanto um casal tira fotos junto às algas acumuladas, como se fossem apenas mais uma lembrança.
Uma emergência para o CaribeA proliferação do sargaço afeta outras áreas do Caribe, como Porto Rico, Cuba e México. Na recente Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), o presidente dominicano Luis Abinader pediu que a doença fosse reconhecida como uma "emergência regional", uma ameaça que, combinada com outros efeitos do aquecimento global, representa "um golpe significativo no Produto Interno Bruto das nações insulares".
Sargaço, ele alertou, "deixou de ser uma anomalia e se tornou uma crise" com consequências econômicas, ambientais e sociais.

O impacto dessa microalga é abrangente: além de afetar o turismo (na República Dominicana, esse setor contribui com 19% do PIB), ela danifica os ecossistemas marinhos (peixes, corais e tartarugas) e impacta negativamente a economia dos pescadores locais. Somam-se a isso o odor desagradável durante a decomposição e seus potenciais problemas respiratórios para as populações expostas, especialmente as vulneráveis.
O objetivo agora é extrair algum benefício do sargaço, usando-o para gerar biomassa para combustível, como fertilizante, ou para extrair materiais que possam ser usados na indústria para a produção de cosméticos ou alimentos, entre outras coisas.
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