A CE preparou um roteiro para a rejeição completa dos recursos energéticos russos até ao final de 2027, incluindo gás e urânio.

A Comissão Europeia preparou um roteiro para a eliminação completa dos recursos energéticos russos até o final de 2027, incluindo petróleo, gás e urânio, de acordo com uma declaração no site da CE.
De acordo com o roteiro, os países da UE devem suspender a celebração de contratos à vista e novos contratos de longo prazo para a compra de gás da Rússia até o final de 2025, incluindo gás natural liquefeito (GNL). A cessação completa das importações de gás russo deve ocorrer até o final de 2027.
Ao mesmo tempo, a CE pretende organizar o monitoramento da circulação do gás russo nos mercados da UE enquanto ele ainda estiver sendo comprado. E também para fortalecer o controle sobre as ações da frota “sombra”.
Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia propõe limitar a celebração de novos contratos para o fornecimento de urânio da Rússia, introduzindo taxas fiscais especiais. Os contratos em questão são aqueles firmados com a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom), que reúne 27 países europeus, incluindo a Suíça. Atualmente, a Euratom é a única organização pública formalmente independente da UE.
Até o final de 2025, os países da UE prepararão planos nacionais definindo como facilitarão a transição gradual das importações de energia russas.
Esta decisão já atraiu críticas da Hungria e da Eslováquia, que ainda compram ativamente petróleo e gás russos. O país que mais sofrerá é a Hungria, onde a Rosatom também está construindo uma nova usina nuclear, a Paks-2.
Conforme relatado pelo Politico, o Comissário Europeu para a Saúde da Hungria, Olivér Várhelyi, já iniciou uma objeção processual ao roteiro da UE.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, chamou o roteiro de um plano “absolutamente hostil” em relação a Bratislava. “Esta é uma decisão ideológica, não tem nada a ver com senso comum”, observou.
O primeiro-ministro eslovaco lembrou que a empresa estatal de gás da Eslováquia SPP tem contratos válidos até 2034. Esses contratos são celebrados no sistema “take or pay”, o que significa que o cliente deve pagar mesmo que não consuma gás. Além disso, R. Fico acrescentou que “ao cortar o gás russo, o país se tornará dependente de outra pessoa, principalmente do gás liquefeito dos EUA”.
Enquanto isso, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que acabar com as importações de energia russa seria do interesse fundamental da segurança da União Europeia.
A Rosatom da Rússia pediu que seus parceiros europeus se distanciem de restrições impostas artificialmente. “Acreditamos firmemente que a cooperação no ciclo do combustível nuclear, que é de importância decisiva para o desenvolvimento global da energia nuclear, deve ser distanciada de restrições impostas artificialmente aos participantes do mercado”, enfatizou a empresa.
“Em nossa opinião, as restrições propostas não contribuirão para garantir a segurança, estabilidade e confiabilidade do fornecimento de recursos de urânio necessários para o desenvolvimento da energia nuclear em todo o mundo”, observou a Rosatom.
Nas circunstâncias atuais, observam os especialistas, a Hungria e a Eslováquia terão que buscar uma exclusão do roteiro. "Mesmo considerando a maior disponibilidade e o menor preço no fornecimento de GNL para os mercados da UE após 2026, a logística de fornecimento de gás russo por gasoduto através do Canal da Mancha Turca será mais rentável e mais barata para a Hungria e a Eslováquia. O GNL terá de ser obtido de países terceiros, como Alemanha, Grécia ou Itália, o que implica custos adicionais", afirmou Alexey Belogoryev, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto de Energia e Finanças.
O especialista acredita que vários outros países, como Grécia, Itália e Áustria, permanecem contra a recusa total de compra de gás russo e esperam retomar a cooperação no futuro em caso de uma solução pacífica bem-sucedida do conflito ucraniano, mas não anunciam isso abertamente e não farão declarações políticas em alto e bom som em favor da manutenção do fornecimento de gás russo.
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